Ana
Na estação,
me deparei com a decisão sobre onde ir. Não tendo ninguém para visitar, nenhum
conhecido, nada para fazer e recursos limitados, a escolha deveria ser
cuidadosa... ou totalmente aleatória. Foi quando ouvi lou reed do fundo de uma
lojinha multimídia, um sinal: Vou para Berlin.
No trem,
pude descansar. As pernas ainda incertas, a pele ferida pelas estripulias na
grama, na arvore, no lago. A musculatura dolorida e a boceta ralada e feliz por
ser tão bem castigada. Tendo passado
tantos dias de amor e experimentos com um homem muito do safado, precisava de
recuperação. Pensei então: um spa!!! Vou para um spa.
Foi uma
ideia doida: minha curta grana não permitia isso, e meu cartão de credito,
compartilhado com meu (ex?) marido, denunciaria meu destino. Decidi então parar
em uma cidade no caminho, conhecida pelas suas aguas curadoras e
rejuvenescedoras. Depois poderia despistar novamente meus “perseguidores”.
Decidida,
desci no ar da madrugada fresca. Era maio e o clima estava ameno, felizmente.
Esperei a manhã chegar no café da estação, onde pude
me informar, buscar mapas e fazer a reserva. Caminhei tranquilamente pelas ruas
limpas e bem organizadas da cidadezinha de nome impronunciável. A caminhada
levou mais de uma hora, mas eventualmente cheguei no spa, um tanto afastado da
cidade.
O lugar
tinha um estilo rustico, com muros de pedra, portais e ferro e peças de
madeira. Automaticamente me senti mais relaxada. De certa forma o lugar
lembrava minha cidade natal, mas ao mesmo tempo tão longe e alheio daquele
passado.
Uma moca em
um vestidinho branco, impecavelmente curto, me recebe, encaminha minha mala,
faz o check-in e me apresenta uma lista de tratamentos bizarros. Banho de vinho, pedicure com peixinhos,
terapia das pedras quentes, cromoterapia, lama, esfoliação de fruto da paixão ,
peeling com diamante. Achei graça e
perguntei, em inglês, se eles trocariam
meu esqueleto por adamantium. A piada nerd espontânea me fez sentir
automaticamente ridícula, mas ela pareceu gostar. Saiu do personagem “profissional-de-saude-assepticamente-sexy”
e riu, cheia de covinhas, como a menina que era.
Ela era uma
moca pequena, petit, e não parecia alemã. Seu nome era Ana, e ela era como uma
perfeita miniatura de mulher: os seios cheios, salientes, o quadril largo com a
cintura fina, as coxas gostosas mas bem definidas em pernas que acabavam
delicadamente em uma canela fina e um pezinho minúsculo. Tudo isso em um metro
e meio de gente.
Expliquei a
situação do meu pobre corpo debilitado, o que pareceu diverti-la, falei que meu
objetivo era relaxamento e cura, nada estético, e que faria qualquer
tratamento, desde que fosse feito por ela. Ana ficou na dúvida se isso era uma atitude
profissional, mas decidiu me inscrever em uma máscara de lama do mar morto, depois
uma massagem ártica e um banho de ervas e sais extremamente relaxantes. Depois
do banho, um drink seria servido no lounge. Ela faria todos os tratamentos,
inclusive a massagem, sua especialidade. Fiquei pensando como aquelas mãozinhas
minúsculas, de unhas curtas bem manicuradas, poderiam massagear os músculos de
uma mulher grande como eu. E o que diabo seria essa massagem ártica, que não
estava no cardápio?
Começaríamos
no início da tarde, pois ela teria um compromisso logo ao anoitecer. Até lá, poderia
relaxar um pouco na piscina, descansar no quarto, fazer uma refeição.
As 14:00,
conforme combinado, Ana vem me buscar e me leva para uma das salas de
relaxamento. Tratamento VIP, que eu não paguei, mas que ela oferecia mesmo
assim. Me deita em uma maca alta, de bruços, o rosto encaixado em um círculo
acolchoado para permitir a respiração. Ela coloca um aspersor de óleos
essenciais que teriam um efeito relaxante e curativo. Eu fico cada vez mais
relaxada com o ambiente perfumado, iluminado levemente com uma luminária de lâmpada
amarela, incandescente com costumava ser antigamente, hoje um luxo.
Primeiro
seria o tratamento de lama. Ela avalia minhas costas e vê que estou cheia de
hematomas, pequenos cortes, arranhões, alergias, picadas e até uma mordida.
“Parece que você trepou com uma manada de elefantes! ” Ela diz, engraçadinha
com aquela boquinha arredondada. Eu digo que não, foi só um felino bem selvagem
mesmo.
Pega, com as
mãozinhas experientes, um monte da lama geladinha e passa no meu corpo,
metodicamente. Me arrepia o frio, no início, mas depois fico de olhos fechados
sentindo o leve prazer do cuidado que aquela mulher me oferecia.
Massagens
são uma das melhores coisas da vida, porque ser cuidado, ser tocado, é
essencial para todos nós, seres humanos, mas é tão difícil obter este cuidado
gratuitamente, espontaneamente, especialmente para nós, os solitários.
Ela faz o
seu trabalho competentíssima, nas costas e depois na frente, me enxaguando com
uma esponja úmida de agua morna e perfumada. Me sinto já curada, rejuvenescida.
Já começa então, uma massagem cuidadosa, as mãos surpreendentemente fortes e
firmes, magicamente relaxando e soltando cada musculo das costas, do peito, das
coxas, das pernas. Então ela pega uma substancia que so posso descrever como
neve, gelada e fofinha, envolve em um
tecido e aplica levemente nos lugares onde os ferimentos estão piores. A
mordida no pescoço, por exemplo. Depois me deita de costas, com cuidado, e com
uma pedrinha de gelo, me acaricia devagarinho. Levo um susto, mas sem querer
dou um gemidinho de aprovação. Ela continua. Passa a pedrinha de gelo nos meus
mamilos, ralados e mordidos, que ficam bem durinhos com o frio. Ana se diverte
e passa para o outro peito, que fica mais aceso ainda, a aureola grande fica
pequenina e o montinho no meio fica duro, rosa escuro, pronunciado. Ela da uma chupadinha
nesse mamilo, suga enquanto com a outra mao belisca o mamilo do outro seio.
Fica um pouquinho nessa função, mas depois lembra que e uma profissional e que
tem muito que cuidar. Então ela passa o gelinho pela barriga, pelo umbigo, pelo
caminho ate la embaixo, no montinho, e enfia entre os labios, massageando. O
gelo some com o calor intenso. Ela pega outra pedrinha, daquela com um buraco
dentro, e enfia no dedinho como um anel. Continua a fazer sua massagem
“curativa” explicando que o gelo diminui
a dor e o inchaço. Pousa o gelo por algum tempo no clitóris, a parte mais
massacrada pela minha aventura sexual, e então, com aquele anel no dedo, enfia
e tira lentamente lá de dentro para passar o gelo por todos os cantinhos.
Voltando a sua bancada de trabalho, pega um gel bem gelado, especialmente
curativo, ela explica, e passa cuidadosamente no buraquinho de trás, enfiando
com cuidado para atingir a pele dolorida.
Era de se
esperar que eu já tivesse louca para gozar nesse momento, mas a sensação que ela
me passava era tao deliciosa, relaxante, que isso não era uma preocupação. O
cuidado daquela mulher pequenina
suplantou toda necessidade de orgasmos. Eu sentia um prazer que não precisava
de conclusão e que me dava uma energia nova de vida.
Acabada a massagem
“ártica” (Agora eu sabia o que era isso), ela me levou para o banho. Era uma
banheira enorme, cercada de velas perfumadas. A agua cheirava a lavanda e
alecrim, e tinha uma camada gostosa de espuma.
Ela me
coloca na banheira e senta na ponta, ainda de vestido, com os pezinhos
descalços balançando dentro da agua, sapeca. Pergunta se eu gostei da massagem
especializada dela. Não respondo, mas sorrio.
Me levanto d’água
morna e vou ate o outro lado da banheira, onde ela esta sentada. Pela perna
entreaberta posso ver a calcinha minúscula, de renda branca, contendo competentemente
uma floresta de pelos negros. Deslizo ate ela, abro mais a sua perna, afasto a
calcinha e consigo ver tudo. Para uma garota tão delicada, ela tinha uma boceta
muito exuberante. Os pelos saiam espessos do centro num formato fino e
comprido, naturalmente desenhado, partindo do centro e afinando nas bordas,
como um vegetal, uma raiz. Ela não se depilava. Os lábios se mostravam entre
aqueles pelos e o clitóris era grande e se pronunciava para fora, desafiador.
Levanto a saia do vestido para poder observar melhor aquele fenômeno que era a
boceta dela. Ela ajuda, levantando a bunda por um momento. Eu tiro sua
calcinha, com cuidado para não molhar, e coloco no bolso do vestidinho dela.
Esse, por sua vez, ela tira abrindo botão por botão, para revelar o peito
bojudo dentro de um corpete de renda branca. Quero explorar este peitinho, essa
renda perfeita branca contra a pele amorenada, a joia encravada que era seu
mamilo, o pequeno colarzinho prateado com um símbolo que não consegui
distinguir no momento. Acontece que aquela boceta era fascinante demais, atraia
todas as atenções. Ela já estava molhadíssima, e eu sentia o perfume dela, um
cheiro de fruta, delicioso.
Aquilo era
quase novo para mim. Minhas experiências com mulheres e limitavam a estripulias
bêbadas no meio da noite, seios agarrados as pressas dentro de carros,
siriricas rápidas e úmidas, ou experiências infantis, quando eu sequer entendia
o que estava acontecendo, imatura demais.
Dou uma
lambidinhas exploratórias, insegura. Lambo todos os lados daquele grelinho
admirável, e percebo um pontinho onde minha língua causa mais sensação. Digo
que não sei bem como fazer, mas ela dá aquela risadinha sapeca e acaricia meu
cabelo, e diz para eu continuar. Estava indo bem para os padrões de Ana. Continuo
chupando, esfregando bem a língua no lugar mais sensível, gradualmente mais
rápido. Dou uma parada e enfio minha língua lá dentro, o máximo que posso. Como
o canto do olho percebo que ela não para nunca de sorrir, mas que esta
suspirando de tesão. Volto então ao meu trabalho de chupar com cada vez mais
ritmo e forca, e ela começa a tremer, aquele corpinho todo no meu abraço,
suspirando baixinho. Então, para elevar o ritmo, enfio meu dedo dentro da
boceta dela, um dos meus dedos safados, que gostam de explorar cada canto. Para
minha surpresa, ela dá um suspiro mais alto e goza, deixando minha mão
encharcada.
Longos segundos se passaram quando ela
abaixou, me beijou a cabeça com carinho, me deitou na banheira ainda morna e
disse: “Preciso ir, quando terminar vá direto para o quarto, ok”? Você precisa
descansar. Eu vou te procurar quando puder.
Eu não sabia
o que aconteceria para romper todo o amor e paz daquele momento, em apenas uma
hora. Sai do banho, me vesti e me dirigi
ao quarto, como prometi, mas passei pelo lounge e decidi tomar aquele drink de boas-vindas.
Sentadas numa espreguiçadeira, bebericava uma mimosa bem razoável quando ouvi
gritos e portas batendo. Ouvia que do outro lado da parede, na parte masculina
do spa, os gritos eram mais intensos e havia baruho de moveis arrastados e
quebrados. Parecia mesmo um ataque. Mas um ataque, neste lugar idílico, em
plena Alemanha?
Entao ergui
os olhos e vi quatro pessoas em trajes
que só consigo descrever como militar/judas-priest/S&M. Eram roupas
deconjuntadas, cheias de desenhos e patches, que pareciam mais querer passar um
recado que que serem admiradas. E as pessoas que as recheavam pareciam cheias
de raiva e sarcasmo, mesmo com o rosto coberto por mascaras.
Uma destas pessoas
se retira do grupo, vai em direção ao aparelho de som e troca a musica. O peso
invade o lugar, um punk rock com vozes femininas que reconheci imediatamente.
Mas quando ela se abaixa, entrevejo na abertura da jaqueta um pedacinho de
renda branca. A mascarada era Ana.