sábado, 18 de abril de 2015

O Editor – último encontro


Recebi um embrulho direto no meu quartinho/banheiro. Era engraçado receber correspondência, pois somente quem sabe que eu estou aqui mora aqui. Um alarme se acendeu: Andei tendo que usar o cartão para sacar dinheiro, e mesmo tendo feito isso em um local distante, outro país, na verdade, os meus perseguidores poderiam ter me localizado.
Enfim, o pacote que eu recebi: Uma edição novíssima da coleção XXXXX da editora XXXXX, contendo o conto A sereia. Sem nenhuma dedicatória, ou mesmo remetente,  somente embalado em uma belíssima echarpe de seda.

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O Editor – último encontro

Cheguei, anunciada, mais uma vez à suíte do Editor. Era inverno, mas o interior do prédio estava agradavelmente morno, o que me permitiu tirar a camada de roupas interiores que carregava e enfiar na minha maletinha. Fiquei somente com o casaco longo e pesado de inverno e, embaixo dele um vestidinho que era mais uma combinação, sem calcinha. Sobre ele, a bela echarpe de seda estampada de motivos exóticos, belíssima, que recebi por correio.
O combinado era eu apresentar um novo conto, que trouxe impresso em folhas soltas. A narrativa acontecia no mesmo universo do anterior, uma coisa meio roça meio praia, muito familiar para mim mas exótica para aquele cara urbano europeu.
Ele estava sentado no sofá dessa vez, meio fora do peso como convém a um intelectual, a barriga querendo se pronunciar com a chegada da idade. No mais, a mesma barba desfeita, o cabelo engraçado e o Marlboro sempre a mão. O prosecco já estava servido. O Editor me olhava com uma cara de curiosidade, um jeito safadinho.
O conto de hoje exige outra locação, eu disse. Seus olhos brilham; ele sabe que hoje vai ter o que merece, porque hoje é ELE quem vai ler o conto. Tomo a taça inteira de uma vez, sem tempo para me embebedar, e levo o cara para a cama, tirando antes a camisa dele.
Pego a echarpe que ele me deu, linda, sedosa, mas muito mais resistente que a outra, e amarro no seu pulso. Ele está complacente e totalmente resignado com o que vou fazer. Passo a seda da echarpe pela cabeceira da cama, dou uma volta para ficar firme e arremato. Ele testa o nó e dá um aceno de aprovação.  Na outra mão coloco as folhas de papel contendo meu conto. Ele começa imediatamente a ler:

Estela e o Sol
Todo verão eu passava na fazenda do meu pai. Era um lugar aconchegante, embora sem os confortos da cidade grande, que nos ensinava o que era verdadeiramente essencial. Uma piscina quase natural, feita com pedras e ‘agua corrente, nos refrescava, e não tão longe, a talvez uma hora de cavalgada, estava o mar, um mar bravo, selvagem, uma aventura.
Na fazenda eu aprendi a comer mandioca com manteiga no café e bolinho de chuva à tarde, independente do clima. À noite os pais tomavam sua cachacinha nos chupávamos um pedaço de cana, purinha, delicia! A rapadura, o doce de leite, as cavalgadas diárias, a gigantesca vitrola cujo radio pegava estações exóticas em ondas curtas, as mangueiras imensas, tudo me encantava.

Naquele ano, no entanto, tudo estava diferente. Na verdade tudo estava igual, eu estava diferente. Me recolhia nos meus livros, meus diários, minha música portátil. Só saía do quarto para tomar um banho refrescante na piscina, na hora do almoço, quando ninguém estava. Aquilo me abria o apetite, que em outros momentos era nulo. Então ia comer um pouco de carne de lata com cuscuz, com mandioca, com arroz, quando entreouvia na cozinha os comentários: “é coisa da idade”.
E era mesmo. Sentia uma ansiedade constante, um incomodo que torcia minhas entranhas , um escorpião que me picava o ventre, um vazio no peito que tornava a respiração difícil, tudo isso eu escrevia no meu diário, tentando entender o que faltava. Aguardava ansiosa a vida acontecer. Recentemente uma dorzinha chata no baixo ventre começou a me incomodar, e me fazia ficar deitada o dia inteiro, se somando às minhas outras mazelas e achaques.







O Editor esta então deitado de costas atravessado na cama, um braço preso na cabeceira, o joelho dobrado com as pernas para fora, totalmente disponível para mim, e eu estava ficando já excitada e ansiosa, com vontade.  Mas mantive a calma e terminei de tirar as roupas dele, não deixei uma peça. Ele tinha um corpo forte, com uma camadinha extra de gordura e uns pelos castanho-claros, bem distribuídos, que apreciei com os olhos e as mãos. O Caralho, por sua vez, era médio, mas muito grosso. Ele sabia disso, e usava aquele bastão para causar um efeito doloroso e dominador. Safado.







Então, dou um apertão na bundinha dura dele e mando continuar a ler.

Até que acabou a pilha.
Eram os anos oitenta, e a música portátil só era possível com pilhas e fitas K7. Nada de carregador, nada de downloads, nada. Acabou a pilha, acabou a música, e sem música era impossível.
Acordei cedinho e fui buscar o cavalo para ir até a cidadezinha. Dessa forma, podia ir sozinha e aproveitar para dar uma volta no diminuto comércio local, comprar uns doces, umas revistas, comer um hambúrguer, gastar um pouco da mesada. Não ia ser de todo mal.
Fui ao estabulo pedir para selarem um cavalo para mim. Escolhia a égua Selina, minha favorita, bela e altiva, embora não tão mansa quanto se esperaria de uma égua de transporte. Ela tinha em si a selvageria dos cavalos livres, ainda que domada. Quem estava lá era o menino novo, que chamavam de Sol. Tudo que eu sabia dele ‘e que estava trabalhando aqui durante o verão, mas estudava na escola da cidadezinha. Ele sela a égua Selina e vem me ajudar a monta-la. Resisto, mas ele insiste, é o seu trabalho, afinal.
Coloco meu pé no estribo, experiente, e levanto a outra perna, girando, num movimento amplo demais, para mostrar que não precisava de ajuda. Mas me enrolo na minha demonstração, o pé escorrega do estribo e eu perco o equilíbrio, ralando o joelho no metal. Mas não caio: Sol, que estava me ajudando, me segura pela perna e me deixa escorregar devagarinho até o chão.
Nesse movimento Sol me segura bem firme contra o seu corpo, e, talvez sem querer, escorrega a mão para baixo da minha saia, curta e larguinha. Por um segundo ele toca minha xana e eu sinto o que me parece um choque elétrico.
Ele parece que sente também, estremece, mas não tira o dedo, esfrega ele bem de leve sobre a calcinha. Então despertamos e nos afastamos, constrangidos.

Continuo as ações automaticamente, mas não penso em mais nada. A doença que me afligia acabou de alcançar um novo patamar, me deixando totalmente desnorteada. Sol então me ajuda a subir na égua, vê que eu ralei o joelho e se alarma! Reage automaticamente como fazem as crianças e os animais, e lambe o meu ferimento. Depois percebe o que fez e se retira, envergonhado, não sem antes dar uma tapinha firme na anca da égua Selina, que sai em um trote leve.

Enquanto a narrativa flui, me fixo no desafio a frente. Afasto um pouco as pernas do Editor e me ajoelho bem na frente do pau dele.  Ele já está excitado, claro, as veias começando a saltar, aquele pau começando a se manifestar, agressivo. Os pelos grossos castanho-aloirados cobrem totalmente a base, de dando um campo delicioso para afagar e segurar. Começo com as bolas, no entanto, beijando de leve cada uma, chupando a pele e depois mantendo uma mão massageando-as com cuidado, delicadas que são. Mas o que me importa mesmo e aquele pau cada vez mais grosso, tão cheio de sangue que parece explodir. Abocanho ele duma vez, ele enche minha boca. Começo, então, o já conhecido movimento; Lambo bastante para ele ficar bem lubrificado e chupo bem, amaciando com a língua, metendo e tirando, e ele continua lá, firme, lendo meu conto com o inglês empolado e carregado de sotaque belga. O editor se mostra bastante resistente à minha tortura deliciosa...a princípio.
A égua trota, em seu próprio ritmo, e eu me perco. Penso No corpo de Sol, moreno, dourado, músculos naturalmente tonificados pelo trabalho braçal. Nada daqueles ratos de academia do meu colégio, artificiais, desproporcionais.  Penso que ele tinha um cheiro de suor limpo, era de manhã ainda, mas já se pronunciava um cheiro adocicado e forte que me perturbava. O peito sem camisa, musculoso e sem nenhum pelo, jovem que era. A lambida que ele deu no meu joelho, espontânea e passional, e principalmente o dedinho invasor dele l’a, debaixo da minha saia.
O trote de Selina se intensifica e sinto o roçar firme do couro da sela lá embaixo, bem onde Sol tocou sem querer. Da ponta dos meus pes, sinto que o sangue ferve. A Sensação vem subindo, subindo, enquanto Selina trota com mais rapidez . E toda ansiedade que sinto, a dor, o escorpião que me pica o ventre constantemente, tudo se mistura e se localiza lá, num pontinho dentro da minha xana, quase peladinha, somente protegida do contato da sela por uma calcinha de algodão fino, que eu afasto para sentir mais o couro moreno e pensar em Sol.

O editor estava resistindo bem ao meu boquete, então elevo um pouco a minha técnica, para deixa-la memorável. Pego uma das camisinhas bem lubrificadas que sempre trago comigo, just in case...  e recomeço a chupar o pau, mas desta vez enfio o meu dedinho indicador, de unhas vermelhas e curtas, com cuidado dentro dele. Uso a camisinha no dedo para deixar tudo bem lubrificado. Ele se remexe, meio alarmado, esquece que estah amarrado e tenta mexer a mão, tentando reagir.  Vejo que não ‘e uma pratica usual para o Editor, adepto que um sexo mais simples, dominador e selvagem.  Olho para ele com o olhar divertido e a boca cheia. Mais uma vez ele aceita, com alguma indignação,  o que eu determino para ele. Dou um toque no maco de folhas: Continue!

Com o chicote, dou um toque leve na anca de Selina, que entende o recado e começa a trotar cada vez mais rápido, e finalmente corre, enquanto eu, trepada na sela dela, me movimento pra frente e pra trás, pensando em Sol. A sensação toda, então localizada naquele ponto, explode de uma vez, num choque elétrico delicioso como nunca tinha sentido, atingindo todo o corpo e apagando minha mente por um segundo. O sol, já intenso, aparece atrás de uma arvore e me cega, fazendo com que perca o controle de Selina, que nunca tive, na verdade. Saímos da estrada e eu caio protegida pelo capim fofinho, com as pernas e braços abertos, olhando para o sol e morrendo de rir, sentindo as pequenas gotinhas de felicidade que ainda circulam no meu sangue curando  minhas mazelas.
Selina, fiel, fica por ali, pastando, suada e cansada também da nossa peripécia.


Ouvindo a parte mais quente da narrativa, movo o dedo em círculos, massageando bem, bastante ritmado com a chupada. O editor, titubeante, começa a dar mostras de não conseguir mais manter a sua leitura. Então, com jeitinho, coloco o dedo do meio junto do outro e enfio os dois, com mais forca agora, e mexo bem gostoso lá dentro no lugar que eu sei que dá mais liga, causando a reação tão esperada. Ele solta as folhas e segura meus cabelos com a mão esquerda livre, abrindo um pouco mais as pernas e se posicionando, mexendo no ritmo da minha chupada e da massagem dos meus dedinhos, pronto para o orgasmo.
Não vai demorar muito agora, mas ele mais uma vez mostra uma resistência fora do comum: Levanta meu rosto e me olha bem no olho, brilhante de tesão, mas um pouco solitário, e com esse olhar eu entendo que este momento é de nos dois, juntos e não apartados assim, torturadora-torturado. Percebo que a brincadeira foi muito divertida, mas solitária, e que merecemos, ambos, alguma redenção.
Rapidamente tiro tudo, camisinha, combinação, qualquer coisa que possa ficar no caminho, e  jogo longe. Subo em cima dele, apoiada nas pernas dobradas e meto o pau dele, aquele pau grosso demais dentro da minha buceta, bem devagar para ela ir alargando, e depois uma metida profunda, intensa e dolorosa, para começar a ser fodida a sério. O Editor não me come, ele me fode, forte, mas com um carinho fora do comum. Me alongo e desamarro a mão dele, facilmente, desse nó que era apenas simbólico.
Ele se senta, livre, me abraça com forca, acaricia minhas costas, agarra meus cabelos, me posiciona bem agarradinha na frente dele. Me beija longamente no pescoço, me chupa, até me marca.  Nos mexemos juntinhos, no mesmo ritmo, e ele e goza finalmente, depois de tanta resistência.
Ficamos quietos por um segundo, abraçados, o pau dele ainda duro dentro de mim. Acho aquela posição uma delícia, uma posição sem vencedores, somente olhos e bocas no mesmo nível. Não é uma posição para estranhos e casuais. Naquele momento nos emaranhamos para sempre.
Mexo meus músculos lá dentro pra sentir bem aquele pau, eu ainda cheia de tesão, sem conclusão.  Minha boceta se move sozinha, pressionando o caralho com sua musculatura, esmagando, acordando ele. Os olhos do Editor brilham de novo, e ele recomeça o movimento do quadril. Ele mete o dedo polegar na minha boca e eu chupo, sem saber a verdadeira intenção desse gesto: descendo a mão até o meu ventre, ele mete o mesmo polegar, molhadinho, entre os grandes lábios, bem naquele pontinho que ele sabe ser o mais sensível de todos. O editor, antes de tudo, era um explorador, e dedicou muita atenção a conhecer minha buceta.
Foi demais para mim: tive um orgasmo explosivo, que continuou em vagas como uma convulsão, um orgasmo que estava contido este tempo todo. Ele continua me fodendo, me abraçando com forca, e logo goza de novo, dessa vez gerando um único urro de alivio.
Ficamos ali os dois juntos, exaustos, um tempao. Mas dessa vez, não dormimos, pois eu li a conclusão da história que tanto o atraíra.
Eventualmente, um caboclo me encontra e dá o alarme, que dona Estelinha está caída no chão, sangrando e chorando. Minha aparência estava péssima. Além da sujeira, o suor e os ferimentos, pelas minhas pernas escorria suor e gozo, que eu não conhecia, e o sangue que chegou para sinalizar que tudo mudaria, que eu era uma mulher agora.
 Logo um exército aparece para me buscar, liderado pelo meu pai, caboclo forte que se deu bem na cidade, mas ainda tem em si a marca do interior. Médico, ele me avaliou e concluiu que eu só tinha ferimentos leves e escoriações, mas recomendou repouso. No mais, tinha tido o meu primeiro sangue, o que valeu as comemorações das mulheres na casa. O meu jeito amuado, ensimesmado, como elas diziam, agora estava explicado. Me trouxeram doces, revistas, artigos femininos e as tão necessitadas pilhas, e ainda por cima de deixaram repousar em paz para pensar em Sol. 
Fiquei três dias em repouso, boba de felicidade. E quando o escorpião começou a picar de novo, novamente fui procura-lo. Mas esta já é outra história.


Quanto ao Editor, não o vi mais pessoalmente. Os acontecimentos se interpuseram no caminho, e meu destino se desviou. Mas eu penso muito no seu jeito incongruente, tão gentil e brutal, que em outras circunstancias teria me cativado incondicionalmente.  E ainda o envio meus contos, escritos à mão, sempre. Ele, por sua vez, os edita em suas coletâneas, mandando o impresso enrolado em um lenço, xale ou echarpe cada vez mais bela e exótica, acompanhada de um cartão postal de algum lugar estranho, dizendo sempre a mesma coisa: Mais uma vez suas palavras me invadem. Um beijo.
Da última vez ele mandou uma edição especial: The Veridian Files, uma coletânea de tudo que já publiquei com ele, em uma edição luxuosa, de colecionador, como costumávamos fazer antigamente na nossa gráfica alternativa. Dentro, uma dedicatória:

Multiverso: a ideia de que existem infindáveis universos que surgem e se desintegram, e que cada decisão nossa faz "brotar" realidades paralelas do que poderia ter sido. Em muitos deles, eu nunca teria nascido. Em outros nós nunca teríamos nos encontrado. Mas talvez em um deles tivéssemos nos conhecido em outras condições, em outra vida. Às vezes gostaria de ter vivido outra vida.
Nesta realidade, só um silêncio, das fotos nunca tiradas, o silêncio de cartas antigas nunca enviadas, nunca escritas, das certezas compartilhadas mas nunca verbalizadas. Um não saber o que dizer.

No entanto, naquele universo alternativo que tanto desejo, eu te amo. Luc.





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